biografia
ALDENOR BASQUES FÉLIX – ( NGU´TCHIİCÜ )
Autor(es): José Fernandes Mendonça
Biografado: ALDENOR BASQUES FÉLIX - ( NGU´TCHIİCÜ )
Nascimento: 1976
Morte: 2020
Povo indígena: Tikuna
Estado: Amazonas
Categorias:Estado, Amazonas, Biografia, Etnias, Tikuna
Tags:Amazonas, Covid19, Masculino, Tikuna
Aldenor Basques, o “ EDU` ” do povo Magüta (Tikuna), nasceu no dia 30 de julho de 1976 na comunidade indígena Filadélfia, no município de Benjamin Constant, na região do Alto Solimões – 1, 119.16 km a linha reta de Manaus, estado do Amazonas, na fronteira com o Peru e Colômbia. Aldenor Félix pertencia à nação (clã) de Mutum, da linhagem de penas, uma das metades exogâmicas do povo
Tikuna.
Filho da Olinda Félix de Basque e de seu Chagas Noriega Félix. Seus irmãos (a), Wellington Alfredo Felix; Agilso Noriega Félix ; Dilson Alfredo Félix; Belton Alfredo Félix; Maria Jaulina Félix; Eloisa Félix e a Osileny Alfredo Félix. No ano de 2000 o Aldenor se amigou com a sra. Nildete Pinheiro e tiveram dois filhos,
Edu Pinheiro Félix e a Ediely Pinheiro Félix. Com oito anos de idade o Aldenor Basques iniciou a sua vida escolar na comunidade indígena de Filadélfia, seu primeiro professor foi o seu tio Nino Fernandes, aos 14 anos de idade ele saiu da aldeia pra estudar numa escola não indígena que fica no município de
Benjamin Constant.
Aldenor Basques, entrou no exército brasileiro no dia 13 de março de 1995 e permaneceu até o dia 12 de abril de 1996. No ano de 1997 ele trabalhava como auxiliar administrativo no primeiro Museu Indígena Magüta que fica no amazonas no município de Benjamin Constant. Saiu da aldeia Filadélfia para buscar aperfeiçoamento profissional em Manaus no ano de 1999.
No início dos anos 2000, o Aldenor iniciou sua atividade profissional na comunidade indígena Tikuna Wotchimaücü em Manaus, ele participava ativamente das atividades do recém construído Centro Cultural Wotchimaücü, uma das primeiras conquistas dos Tikuna no bairro Cidade de Deus em Manaus.
O Centro Cultural abrigava as atividades de confecção de artesanato pelas mulheres, as aulas da língua materna para as crianças Tikuna da primeira geração nascida em Manaus, além das reuniões das lideranças com os associados sobre problemas da vida cotidiana e reivindicações elementares
sobre direitos fundamentais relativos aos povos indígenas.
Neste mesmo período, por volta de 2004, os Tikuna da Cidade de Deus gravam seu primeiro CD de músicas intitulado: “Cantigas Tikuna Wotchimaücü” e AldenorBasquesparticipava ativamente como músico e compositor das músicas em Tikuna.
Foi um dos precursores do PROIND, Curso de Pedagogia Intercultural da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, umas das turmas em Manaus no ano de 2009 a 2014. Atuava como primeiro professor de língua Tikuna com proposta de visibilização de educação diferenciada para as crianças Tikuna da
comunidade Wotchimaücü em Manaus. O Aldenor havia retornado de Manaus para sua comunidade no final do ano de 2016. E no ano seguinte ele havia passado no processo seletivo para professor indígena pela secretaria municipal de Benjamin Constant -SEMED . Nos anos de 2017 à 2018 ele exercia a carreira
de professor na Comunidade São Leopoldo e na comunidade de Nova Canaã, no Município de Benjamin Constant – AM.
Aldenor Basques Félix , foi um primo exemplar , uma pessoa muito carismático por onde ele passava deixava a alegria. Foi um professor muito querido pelos seusalunos (a), músico, pai, esposo, parente, amigo, deixa escrita uma trajetória de luta e resistência de seu povo na comunidade de Filadélfia e na Wotchimaücü na cidade Deus em Manaus.
Faleceu em Manaus, suspeita de COVID 19, em 28 de abril de 2020, por volta das 16h40 de terça-feira dentro do aplicativo UBER, na zona norte de Manaus.
As famílias que moravam próximo da sua casa, tentaram acionar a ambulância mais não foi possível. Morreu pela irresponsabilidade da saúde pública. Seu corpo foi enterrado no cemitério municipal Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, na zona oeste de Manaus, às 15h30 em uma vala coletiva, onde são enterrados as pessoas que não podem pagar por um caixão. A morte do meu primo geral impacto nacional e internacional. Ele havia perdido recentemente seu pai que morava na comunidade Filadélfia e sem ter ver a sepultura do pai porque estava impossibilitado pra conseguir sua passagem porque estava em Manaus.
Aldenor era vice cacique da comunidade Tikuna Wotchimaücü. Ele vinha sentindo sintomas como febre , falta de ar, tosse seca, e dor no corpo desde o dia 3 de abril, havia solicitado a assistência pela saúde indígena e não indígena, mas nenhum momento foi atendido o seu pedido, e a situação da saúde dele foi piorando. Este foi o fato principal da sua morte e nem chegou a ser testado se era covid 19 ou não. Talvez se tivesse atendimento ele não viria ao óbito.
Segundo a informação que obtive, os parentes que Tikuna que moram perto da sua residência tentam ajudar, chamaram o Samu , esperam mais de uma hora, como a ambulância não veio decidiram chamar o Uber, para leva-lo ao Hospital Pronto Socorro Plantão Araújo. Quando chegaram no hospital o parente Tikuna que acompanhava teve dificuldade de explicar a situação do meu Aldenor, daí tiveram que chamar o motorista do aplicativo para tentar explicar , porém a resposta que obtiveram foi que, não tinha vaga no hospital. O mesmo motorista que a levou para o hospital voltou com o Aldenor e no metade do caminho veio a falecer.
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