biografia

Lindomar Terena

Autor(es): Simone Eloy Amado
Biografado: Lindomar Ferreira da Silva
Povo indígena: Terena
Terra indígena: Aldeia Argola da Terra Indígena Cachoeirinha
Estado: Mato Grosso do Sul
Categorias:Biografia, Estado, Mato Grosso do Sul, Etnias, Terena
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Lindomar Ferreira da Silva

O Estado de Mato Grosso do Sul, concentra a segunda maior população indígena do País. O maior problema dos povos indígenas no Estado do Mato Grosso do Sul esta ligada a questão territorial resultados de processos de perda da terra e isso tem causado grande conflito entre os povos indígenas e o ruralista. O Trabalho final da disciplina esta baseada na vida e de militância da liderança indígena terena Lindomar Ferreira conhecido como Lindomar Terena.

Lindomar terena nasceu e foi criada na aldeia Argola da Terra Indígena Cachoeirinha, hoje aos 43 anos integra o movimento de luta pelo território tradicional desde 2003. Sobre sua posição do movimento de 2003 ate os dias atuais ele disse:

“De La para cá tivemos avanços, mais também perdas irreparáveis, lembrando emocionado da morte do patrício Oziel Terena, que ate os dias atuais não conseguiram identificar os verdadeiros assassinos” (ressalta).

Lindomar Terena terminou seu ensino fundamental e por ter que ajudar no sustento da família, teve que optar por seguir o caminho do pai, trabalhar no corte de cana nas usinas da agroindústria alcooleira dentro de Mato Grosso do Sul ou quando não havia serviços nessas usinas ia para fazendas ao redor da aldeia fazer changas (trabalho informal em fazendas).

Com o passar do tempo Lindomar Terena estava participando mais das atividades dentro de sua aldeia e começava entender um pouco da política dos brancos e participar de varias atividades fora de sua aldeia proporcionada pelo Conselho Missionário Indigenista (CIMI) sobre capacitação de liderança, questões territoriais, questões ambientais entres outros temas relevante para povos indígenas do Brasil.

E assim Lindomar ia se tornando referencia de liderança no nível de estado e País. Casado, pai de três meninos, sempre cuidadoso com sua família no meio da luta que este envolvido, foi cacique da Aldeia Argola durante 8 (oito) anos com apoio da comunidade. Foi candidato a vereador, porém, não obteve sucesso em sua candidatura por não ser eleito.

De 2003 a 2007, sempre caminhava em passos lentos com seu movimento pela terra tradicional, pois, não conseguia articular o terena para retomar seus territórios tradicionais e tudo muda quando foi convidado pelos acadêmicos indígenas a participar do Encontro dos Acadêmicos indígenas em 2007 em Dourados-MS, para falar de sua luta pelo território tradicional, considerado o dia que os estudantes indígenas entenderam sua essência de esta na academia, pois, durante o encontro foi falado de diversos assuntos, educação, meio ambiente, saúde e território o que mais tocou os estudantes, pois, Lindomar em sua fala dizia:

“Acadêmicos patrícios eu e Elvisclei seu companheiro de luta na época precisamos de vocês nessa luta pela terra, quanto tempo estamos lutando por essa causa (território) e nada acontece (choro), eu quero passar um vídeo de pouco minutos para vocês ver o que estado brasileiro tem feito como nas aéreas de retomadas onde tem anciões, jovens, mulheres, homens e crianças um verdadeiro descaso da parte deles e poder judiciário não esta preocupado sem resolver nossa situação e nos estamos sendo massacrados”.

Ouve um silêncio da parte dos acadêmicos que desconhecia a situação de seu próprio povo, observasse revolta nos olhares dos estudantes após ver vídeo e ali nascia à vontade de cada um estuda e termina seus cursos para ajudar-los como dizia L.E. A:

“Me era desconhecido essa situação hoje choro junto com minha liderança e a vontade de termina esse meu curso de direito para somar a luta de patrícios e poder contribuir com meus conhecimentos para juntos buscarmos solução para questão territorial”.

Hoje a leva daqueles acadêmicos que estava no encontro tem somado a luta de suas lideranças. E ainda na sua fala Lindomar terena pedia que apartir daquele dia não se separasse nunca mais estudantes e lideranças que caminham juntos ate os dias atuais como será visto a frente.

E assim foram realizados vários encontros entre ambos e desses encontros surge a idéia de fazer uma grande reunião do povo terena que seria batizada por anciã mulher Dona Nena de “Grande Assembléia do Povo terena”, durante a primeira reunião em 2013 na Aldeia Imbirussu-TI Taunay Ipegue.

Dessas grandes assembleias que já encontra na 11º décima primeira saíram vários documentos que são encaminhados aos órgãos competentes para que as providências venham se tomadas na aérea da educação, saúde, questão do meio ambiente e principalmente do território.

E também constituíram o conselho do Povo Terena é a organização tradicional que tem por objetivo congregar os caciques e lideranças de retomada em torno da luta pelo território tradicional e a constante busca do bem viver. Sempre que os conselhos se reuniram é reafirmado o compromisso de continuar lutando, em sintonia com o movimento indígena nacional, contra todos os retrocessos de direitos. Sempre caminham com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, juntamente com as demais organizações de base do movimento indígena.

O principal princípio da APIB é o fortalecimento do órgão indigenista oficial do estado brasileiro a FUNAI, que neste momento está sofrendo ataques da bancada ruralista e evangélica. Repudiamos novamente a militarização da FUNAI, pois diante dos direitos conquistados no processo de democratização de 1988, a nomeação de um general para a presidência constitui uma afronta aos direitos dos povos indígenas. Basta lembrar todas as violações perpetradas contra os povos indígenas no período da ditadura militar.

Na fala do Advogado Luiz Eloy que sempre caminham junto com lideranças terena sobre o Conselho Terena:

Nosso movimento chega a décima grande assembleia terena e neste tempo, sofremos muitas perseguições. Lideranças foram mortas, sofreram atentados e muitos presos. Outros tantos estão sendo criminalizados por lutarem por seus direitos, seja em inquéritos da polícia federal ou por comissão de inquérito parlamentar (CPI) conduzido por parlamentares ruralistas que envolvidos em escândalos políticos. Enfrentamos o “Leilão da Resistência” que tinha por objetivo angariar fundos para constituir milícia armadas. Fomos as instâncias internacionais denunciar o Estado brasileiro pelo genocídio em curso contra os povos indígenas. E também, retomamos parte significativa de nosso território. Lutar por direitos não é crime!

Defendemos a retomada de nossos territórios tradicionais. Retomada enquanto processo de territorialização legítimo do povo terena e não iremos recuar um palmo de terra retomada. Hoje não temos mais apenas uma bancada ruralista, mas sim um governo ruralista, pois as forças do agrobaditismo tomou conta da estrutura do estado que o gesta apenas para seus próprios fins. As forças anti indígenas não passarão por cima do movimento indígena, pois nosso movimento tem um comando espiritual. Ainda que os atuais caciques e lideranças do conselho terena sucumbam na luta pela terra, novas lideranças se erguem, pois nosso sangue faz brotar a esperança.

Nossa organização – CONSELHO TERENA – nasceu no chão batido da aldeia, de debaixo do pé de arvoredo, de uma articulação das lideranças indígenas e batizado pela nossa anciã. Nossa organização não nasceu dentro da assembleia legislativa, numa reunião dirigida por purutuye ruralista e não andamos de mãos dadas com o agronegócio que tanto mata e usurpa nossos direitos. Por isso temos a dignidade de erguer nossa voz e defender nosso povo. (grifos nossos)

Outro momento que marcou a vida foi que no dia 26 de novembro de 2014, Lindomar Terena foi se apresentar à coordenação da SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), a qual deve assumir no dia 1° de dezembro, o que não agradou muitos indígenas do Estado. Lideranças repudiam a nomeação, segundo eles, indicação política do senador Delcídio do Amaral (PT). A partir de sábado, indígenas vão fechar polos-base da SESAI e bloquear rodovias contra a decisão. De acordo com Dionedison Terena, Lindomar foi indicado pelo Conselho Terena e Aty Guasu.

“Ele vem da Aldeia Mãe Terra e vem de uma lua antiga pelos indígenas. Semana que vem, ele vai começar as visitas as aldeias. A esperança é que ele melhore a saúde indígena no Estado”

De acordo com o cacique Laércio Marques, da Reserva Kadiwéu, a escolha do coordenador Lindomar não foi feita com aval de todos os caciques.

“Nós repudiamos a nomeação, porque as bases não foram consultadas. Nem existe mais o Conselho Terena, ele foi extinto. Conselho Aty Guasu também não existe”, explica.

Por ter 78 mil indígenas em 75 aldeias em Mato Grosso do Sul, além de 38 que foram retomadas. A declaração de Marcelo da Silva Lins da Aldeia Ofaié, de Brasilândia:

“Somos oito povos no Estado, e todas estão descontente com a nomeação. Estamos preparando uma equipe para ir no domingo a Brasília contestar a decisão. Não vamos deixar ele assumir. Vamos fechar os polos-base (SESAI de outras cidades), e temos expectativa ainda de bloquear rodovias do sul do Estado até sábado em protesto contra a decisão.

Antes de ser coordenador do DSEI/MS Lindomar Terena assumia varias demanda em favor do seu povo e dos povos indígenas do Brasil, demandas de denunciar o descaso do Governo Brasileiro, em 2014 convidado para representar o grupo APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o sul-mato-grossense Lindomar Terena, da aldeia Cachoeirinha atualmente morando e aérea de retomada Charqueada, e lutando pelos direitos referentes à saúde, educação, meio ambiente e principalmente território. Quando esteve na ONU, em Nova Iorque, sobre o conflito entre índios e fazendeiros no Brasil. Em seu discurso no Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas sobre Questões Indígenas, ele denunciou assassinatos ao longo dos últimos dez anos e a omissão do governo federal.

Lindomar terena abriu sua fala fazendo explanação sobre a situação conflituosa  especificamente de Mato Grosso do Sul, explica:

“No meu Estado (MS), pelo menos 20 lideranças indígenas foram assassinadas na última década; outros 350 assassinatos no mesmo período resultam do processo de confinamento de nossos povos em pequenos territórios”. De acordo com Líder indígena Lindomar Terena o estado que possui a segunda maior população do Brasil onde os conflite pelo território tem se acirrado pela demora da parte do estado Brasileiro em resolver a questão a falta de terras já provocou cerca 690 suicídios, sendo que em 2013 foram 73 casos, o maior número já registrado em 1 ano, dos quais 70% eram jovens”, alertou.

Lindomar Terena também acusou a bancada ruralista do Congresso Nacional de aprovar mudanças nos direitos constitucionais indígenas e acirrar ainda mais os conflitos que se arrastam por décadas.

“Os representantes do agronegócio, querem de todas as formas aprovar mudanças nos direitos constitucionais estabelecidos principalmente nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal. Somam-se as iniciativas de propostas de emendas à Constituição (PEC) 038 e 215 que pretendem transferir para o Senado e Congresso Nacional, hoje majoritariamente composto por representantes do agronegócio, a competência de demarcar as terras indígenas, usurpando uma prerrogativa constitucional do Poder Executivo. A APIB reúne organizações regionais indígenas de todo o Brasil, representando mais de 300 etnias, falantes de 270 línguas”.

E sua fala continua, pois, a revolta de ver seus parentes sofrendo é muito e declara:

“Vimos a este Fórum, porque a situação de violação de direitos humanos e territoriais dos povos indígenas no Brasil se agravou fortemente nos últimos anos. Contrariamente ao que o Governo brasileiro divulga em espaços internacionais, relatando uma suposta harmonia entre os povos indígenas e o estado nacional, temos certeza ao afirmar que a situação dos povos indígenas no Brasil hoje, é a mais grave desde a redemocratização do País, seja na quantidade de indígenas assassinados, seja nas iniciativas de esfacelar nossos direitos conquistados ao sangue de nossos povos”, relatou Lindomar.

Aproveito a oportunidade, para falar também da varias ameaças contra os tenharim no Amazonas e também contra o povo Kaingang, que na semana passada teve sete lideranças presas no Rio Grande do Sul.

Por fim, ele repassou quatro recomendações das Articulações da População Indígena do Brasil APIB como forma da ONU contribuir com a solução do problema. Veja a íntegra do documento apresentado:

  1. Que o Fórum Permanente envie urgentemente observadores ao Brasil para que acompanhe a realidade dos conflitos territoriais, situação ausente nos relatórios do governo.
  2. Que o Fórum surja ao Brasil a retomada do processo constitucional de demarcação das terras indígenas, cuja paralisação tem ampliado gravemente os conflitos territoriais. Lamentavelmente o governo Dilma é o que menos tem demarcado terras indígenas. Portarias de identificação, declaratórias e Decretos de homologação não tem sido publicado, mesmo quando estes não possuem impedimentos judiciais, perpetuando a agonia dos povos indígenas.
  3. Que o Fórum realize um Seminário Internacional em conjunto com o UNODC e UNHRC, sobre a Criminalização dos Povos indígenas e suas organizações, quando estes defendem seus direitos humanos e territoriais.
  4. Que o documento final da reunião de alto nível em setembro, conhecida como Conferencia Mundial dos Povos indígenas, caso realizada, seja contundente quanto à implementação de ações efetivas nas distintas áreas de interesse dos povos indígenas, principalmente quanto a efetiva devolução e proteção dos nossos territórios tradicionais.

O ex-cacique Lindomar Terena está e sempre esteve no movimento de luta pela terra tradicional, sempre tem conflitos entre indígenas e fazendeiros em Mato Grosso do Sul, estado onde foram assassinados 37 dos 60 índios mortos ano passado no país. Um dos principais líderes do povo terena na luta pela retomada dos 36 mil hectares da reserva Cachoeirinha, no norte do estado, Lindomar foi incluído no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos após receber várias ameaças.

A questão da demarcação das terras indígenas sempre foi acirrada no Estado de Mato Grosso do Sul a aérea citada acima nunca houve da parte do Governo Brasileiro em resolver a questão o processo de demarcação da terra está suspenso e aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2010. O imóvel pertence à família do ex-governador Pedro Pedrossian, já falecido.

Lindomar recordou também, que no ano passado, ele, um advogado e outras três lideranças indígenas foram perseguidos por cerca de 20 homens armados, distribuídos em seis caminhonetes, na região de Bodoquena, mais precisamente na aérea dos Kadiwéu região do Pantanal.

Em maio de 2010, cerca de 800 terenas foram expulsos pela Polícia Federal durante a desapropriação de uma terra, em meio a armas, bombas de gás lacrimogêneo e cães. Para ele, o fim das ameaças só depende do governo federal.

“É só o governo assumir a responsabilidade de demarcar as terras indígenas. Aí acabam a insegurança jurídica para ambas as partes.” Lindomar Terena também defende multa pesada para conter os conflitos no campo. Tem de mexer no bolso deles. Para a cadeia, sabemos que eles não vão. “Cadeia, no Brasil, não é para bandido; é para quem luta pela sobrevivência”. avalia.

O ex-cacique entende que os três poderes agem em conjunto para favorecer apenas os grandes fazendeiros. “Estão fazendo de tudo para atender ao agronegócio. Mas eles não precisam passar por cima dos outros. A luta dos povos indígenas é a luta dos excluídos, a vida para todos”, afirma. Aos 38 anos, filho de pai branco e mãe terena, Lindomar é suplente de vereador em Miranda pelo PT. Cerca de 40% dos 27 mil habitantes do município são indígenas e vivem em aldeias.

Mais um índio jaz no chão  Simião Vilhalva Guarani, liderança indígena do povo Guarani Kaiowá, foi brutalmente assassinado com um tiro no rosto dia 27 de agosto, enquanto procurava por seu filho num córrego da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, no município de Antônio João, Mato Grosso do Sul.

Lindomar sempre esteve na linha de frente dos conflitos entre índios e fazendeiros no Mato Grosso do Sul, estado onde foram assassinados 41 indígenas só no ano passado – o que representa 30% do total de ocorrências no Brasil. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) de 2003 a 2010, o total de índios assassinados na região foi de 250 frente a 202 casos no resto do Brasil.

Um dos principais líderes do povo Terena e representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Lindomar foi incluído no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos após receber várias ameaças de pistoleiros. Ele destaca a judicialização de conflitos como um dos principais fatores que “eternizam” a questão.

Lindomar Terena continua integrando o movimento do Povo Terena e representando os povos indígenas do Brasil para demandas no exterior.

È ícone de luta para povos indígenas a qual muitos homens e mulheres tem se espelhado para seguir na luta.

Referência

Ensaio obtido em Walter Benjamin -– Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e técnica,

arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Prefácio de Jeanne

Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222-232.

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221 (Escrito em 1936 sob o título Der Erzähler: Betrachtungen zum Werk Nikolai Lesskows).

Site

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/eles-ganham-com-a-morte-do-nosso-povo/blog/54079/

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