biografia
Cristóvão Delmiro Coelho
Autor(es): Cristóvão Delmiro Coelho
Biografado: Cristóvão Delmiro Coelho
Nascimento: 1966
Povo indígena: Kokama
Estado: Amazonas
Categorias:Estado, Amazonas, Biografia, Etnias, Tikuna
Tags:Amazonas, Kokama, Masculino
Meu nome é Cristóvão Delmiro Coelho, nasci em 22 de julho de 1966, na comunidade denominada Campina, do município de Fonte Boa (AM). Sou filho de Lauro Delmiro e de Dona Basília Coelho. Sou casado com Dona Andrea Bicharra Moraes e tenho sete filhos – Cristóvão Delmiro Coelho Júnior, Andreza Moraes Coelho, Jefte Moraes Coelho, Daniel Moraes Coelho, Pamela Mores Coelho e Yani Moraes Coelho. E ainda, Cristiano da Silva Coelho. Moro na aldeia indígena Kokama de São Joaquim, em São Paulo de Olivença (AM).
Eu e minha família somos do povo Kokama. A minha luta começou como estudante. Entre 2002 e 2003, fui diretor presidente da empresa “Organizacional de geração e renda” que funcionava em Fonte Boa. Fui também professor pesquisador da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas (SEDUC/AM), ligado pelo projeto Pyrauara que realizava formação de professores indígenas para atuar na região.
Comecei me espelhando em minha mãe, que era uma mulher guerreira. Uma verdadeira artesã. Ela fazia todos os tipos de artesanato, inclusive potes de barro.
Em aproximadamente 1979, eu fui morar na cidade para estudar. Chegando lá eu participei do grupo de jovens da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe em Fonte Boa. Foi participando dos encontros dentro da Escola Valdemarina Rodrigues Ferreira, também em Fonte Boa, e do movimento de comunidades organizado pelo MEB (Movimento Eclesial de Base) que me iniciei no movimento social. Foi aí que comecei a ganhar destaque. Em 1986, me filiei ao PDT (Partido Democrático Trabalhista). Na eleição daquele mesmo ano, eu fui para as ruas pedir voto para os candidatos a governador e deputado estadual do PDT. Na época, o candidato a governador, Arthur Virgílio Neto; e o deputado estadual, Mário Adad. Nesse ano, nenhum dos dois venceram as eleições, mas, eu aprendi bastante com aquela experiência.
Em 1988, retornei às ruas novamente para pedir voto para o candidato a prefeito do município de Fonte Boa, Dr. Wilson Ferreira Lisboa. Naquele ano, ele conseguiu ser eleito e, logo em seguida, eu fui para Manaus a seu pedido para estudar no Colégio Agrícola Rainha dos Apóstolos onde permaneci por um ano quando adoeci e retornei para Fonte Boa outra vez. Quando cheguei em Fonte Boa passei a trabalhar como voluntário ajudando as pessoas carentes. Foi quando tive a oportunidade de fazer um curso de jornalismo comunitário organizado pela SEAS (Secretária de Estado e Assistência Social) do governo do Estado do Amazonas. A partir daí, iniciei meu trabalho com jornalismo comunitário e produzi o jornal “Fonte Boa e Notícias” que ficou em funcionamento entre os anos de 2002 e 2003.
Em fevereiro de 2005, me mudei para São Paulo de Olivença e fui morar na casa da minha sogra, na aldeia São Joaquim, onde conheci o avô da minha esposa – o primeiro cacique Kokama, Anízio Moraes dos Santos. Comecei então a trabalhar voluntário no movimento indígena dentro e fora da aldeia junto com os caciques e lideranças. E passei a ser conhecido em todos os municípios do Alto Solimões. Com o passar do tempo, entre 2007 e 2008 fui indicado como representante do povo Kokama no DMAI/SPO (Departamento Municipal de Assuntos Indígenas de São Paulo de Olivença). Em seguida, fui eleito Conselheiro Distrital do Povo Kokama por quatro anos, de 2009 a 2013. Em 2006 foi fundada a Associação das Comunidades Indígenas Kokama de São Paulo de Olivença (ACIK/SPO). Entre 2006 até 2014, fui indicado ao cargo de presidente do Conselho Deliberativo do ACIK/SPO. E, em 2017, fui eleito presidente da Associação das Comunidades Indígenas Kokama de São Paulo de Olivença para o mandato de dois anos.
Estive em Brasília por duas vezes defendendo os direitos dos povos indígenas de São Paulo de Olivença. Como também, participei de várias conferências de Saúde e Educação em São Paulo de Olivença e em outros municípios. Até hoje, sou conselheiro municipal de saúde representando os povos indígenas. Participei, entre 24 a 26 de julho de 2019, da X Conferência Estadual dos Direitos da Criança e dos Adolescentes realizada em Manaus como delegado dos movimentos sociais de São Paulo de Olivença.
Hoje sou mobilizador social. Trabalho para os povos indígenas de São Paulo de Olivença e quero agradecer a todos os caciques e lideranças indígenas pela oportunidade e confiança a mim concedida. E também agradecer ao movimento indígena do Alto Solimões.
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