biografia
A transferência dos Guarani Mbya para Carmésia
Autor(es): Kalna Mareto Teao
Povo indígena: Guarani Mbyá, Krenak
Estado: Espírito Santo
Categorias:Biografia, Estado, Espírito Santo, Etnias, Guarani Mbya, Etnias, Krenak
Tags:Guarani Mbya, Krenak
A transferência dos Guarani Mbya para Carmésia
Este trabalho tem por objetivo principal compreender o processo histórico da trajetória do povo guarani mbya do Espírito Santo no período de 1973 a 1979. Este artigo visa analisar o período no qual os Guarani Mbya se estabeleceram forçadamente na Fazenda Guarani, em Carmésia, em Minas Gerais. Tal local era uma espécie de reformatório indígena do período da ditadura militar que buscava inserir os índios considerados “desajustados” dentro da lógica do trabalho e da integração nacional. Índios de diversas etnias, como Guarani mbya, Tupinikim, Krenak, Karajá, dentre outros, foram agrupados no mesmo espaço, sem levar em conta suas características histórico-culturais e eram considerados um problema no período militar. Dessa história podemos constatar que os índios eram considerados um entrave ao projeto de desenvolvimento econômico do Espírito Santo e do período da ditadura, pois seus modos de vida contrastavam com o modelo que queria se estabelecer no Brasil, de um Estado atrelado ao capital internacional, produtor e exportador de matéria prima, marcado por um período de forte censura e repressão, que inclusive cerceava as culturas indígenas de se expressarem e controlavam fortemente os movimentos de deslocamentos dos povos indígenas. Além disso, a história do povo Guarani Mbya é entrelaçada aos demais povos, como os Tupinikim e os Krenak. Desses entrelaçamentos de encontros, se estabelecem relações de amizade, apoio mútuo, alianças políticas pelas conquistas territoriais e de direitos coletivos.
Palavras-chave: Guarani Mbya- Fazenda Guarani-Carmésia
A história da transferência dos Guarani Mbya para a Fazenda Guarani encontra-se entrelaçada a história dos povos Krenak em Minas Gerais e no Espírito Santo e sobretudo, traz à tona duas questões: a ação indigenista em relação aos povos indígenas e o problema fundiário no país. Primeiro, é importante compreender a trajetória do grupo indígena e sua chegada ao Estado. À medida que esses índios iam ocupando territórios, também se tornavam visibilizados e constituíam-se como um problema, pois estavam no cerne de conflitos fundiários com a empresa Aracruz Celulose (1967-2006) e eram considerados índios “desajustados” em plena ditadura militar (1964-1985).
Um grupo de índios Guarani Mbya saiu do Rio Grande do Sul, na década de 1940 e chegaram ao estado do Espírito Santo em 1967. Esse movimento ficou conhecido como oguata porã, ou caminhada. Esses índios foram motivados a sair de suas terras originais devido ao conflito com fazendeiros de erva-mate. Durante o deslocamento desse grupo indígena, eles percorreram os estados da região sul e sudeste do Brasil e formaram aldeias nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Esse deslocamento foi causado por motivos de disputas fundiárias, conflitos com não índios, busca por familiares, morte de parentes, conflitos internos e motivações religiosas. Tatati Ywa Reté conduziu o grupo guarani nesse deslocamento.
Tatati Ywa Reté nasceu na aldeia de Palmeira Sagrada, no Paraguai. Lá era conhecida também com o nome de Candelária, ao se relacionar com a sociedade envolvente. Já no Brasil, Tatati era conhecida como Dona Maria. Ela foi responsável por conduzir o grupo Mbya ao Espírito Santo na trajetória que percorreu os estados do sul e sudeste do país durante quase trinta anos. Além de conduzir o grupo no oguata porã, a líder xamânica foi responsável pela fundação de aldeamentos nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Era considerada uma yraydjá, ou chefe religiosa e conselheira dos Guarani Mbya.
Nesse artigo, vamos abordar a retirada dos Guarani Mbya do estado do Espírito Santo e a transferência desse grupo para a Fazenda Carmésia, em Minas Gerais. Podemos observar nesse processo, o contexto da ditadura militar que agia controlando os passos e as trajetórias indígenas. A política indigenista do período atuava de forma cerceadora e controladora dos povos indígenas e em consonância com os interesses do capital privado, ao considerar os índios como obstáculos ao progresso devido às ações dos grandes projetos de desenvolvimento industrial no Espírito Santo.
Na década de 1960, a cafeicultura, principal fonte de renda econômica no Espírito Santo, entrou em colapso. Fazia-se necessário modernizar o Estado e inseri-lo nos moldes de crescimento econômico e progresso durante o contexto da ditadura militar. Diante disso, o governador Christiano Dias Lopes (1967-1971) estimulou a criação de organismos e entidades destinados ao planejamento e captação de recursos para investimentos. O governo de Christiano Dias Lopes tinha como intuito promover um projeto de industrialização em equilíbrio com a agricultura. Por meio da Lei nº 2.296, 17 de julho de 1967, Lopes iniciou uma reforma administrativa no Estado. Foram criados e renovados vários órgãos e departamentos do Governo. Destacam-se entre essas reformas: a revitalização do Conselho de Desenvolvimento Econômico, que se incorporou à Secretaria Estadual de Planejamento, criada em 1975; criação da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Espirito Santo (CODES); o fortalecimento do Banco de Crédito Agrícola do Espírito Santo, hoje Banestes; a ampliação da capacidade de produção da Espírito Santo Centrais Elétricas (Escelsa). [2]. Em 1968, o governo do Estado conseguiu o incentivo de recursos federais para incluir o Espírito Santo entre as regiões de expansão econômica, junto à Amazônia e ao Nordeste, para desenvolver as áreas de rodovias federais, energia elétrica, infraestrutura de portos, sistema de comunicações. Essa política tinha como claro objetivo a inserção do estado na comunicação com o setor produtivo nacional. [3] Iniciavam-se no Estado os Grandes Projetos de Investimentos (GPIs) que visavam a construção de fábricas destinadas à produção de matéria-prima destinada à exportação. Nesse sentido, a empresa Economia e Engenharia Industrial (ECOTEC), que atuava no estado desde a década de 1950, conciliou seus interesses de produção de celulose destinada à exportação aos interesses do estado militar de industrialização. As terras escolhidas para a implantação da indústria no município de Aracruz eram próximas ao mar e à capital-Vitória. [4]Além disso, eram consideradas terras desabitadas e improdutivas. Na verdade, eram territórios indígenas.
Em 1967, os Guarani Mbya chegaram ao Espírito Santo e esses índios escolheram a região de Caieiras Velhas, município de Aracruz, área habitada pelos índios Tupinikim. Os Mbya optaram por essa região devido à existência de condições ambientais favoráveis ao nhandereko, modo de ser, como a presença de Mata Atlântica, localizado em sentido leste e próximo ao mar. Keretxu Mirim, uma das líderes religiosas do grupo guarani fala sobre a trajetória dos índios e a escolha do território de Caieiras Velhas:
Então deu sono e o espírito de Deus falou assim para minha mãe: Tem nesse lugar uma terra de Guarani e uma terra de Botocudo índio também. Ela, de manhã levantou e contou para mim: Olha, minha filha, Deus falou para nós procurar porque tem um pedaço revelado para nós morar. Tem tudo lá em Caieiras Velhas. Viemos a pé de Vitória, procurando, e quem vem procurando tem que rezar para Ñande ru e aí Ñande ru mostra no sonho. Esse lugar era para ela uma terra prometida, onde antigamente Guarani trabalhava, mas Guarani já foi. Era esse que mostrava para minha mãe. Foi sinal, era Caieiras Velhas. Lá tinha uma igrejinha igual a essa, mas toda de pedra, não era de palha. (…)[5]
Keretxu Mirim. Keretxu nasceu no tekoa Kapi-í- owy, perto de Pelotas no Rio Grande do Sul e tinha 85 anos. Na aldeia Keretxu desempenhava o papel religioso e era conselheira dos Guarani, como sua mãe. Keretxu desempenhava um papel de intermediária com os não índios, em busca de auxílios financeiros e materiais para os Mbya durante a caminhada e na fundação da aldeia de Boa Esperança durante os anos de 1980. Viveu nas aldeias de Ruínas de Santa Maria (Argentina), aldeia Capim Verde (Rio Grande do Sul), Aldeias Rio Branco, Rio Silveira, Rio Comprido, Boa Vista (São Paulo), Aldeia Parati Mirim (Rio de Janeiro), Fazenda Guarani (Minas Gerais) e morou na aldeia de Boa Esperança.(Espírito Santo).
Podemos inferir também desse depoimento que os Guarani percorrem espaços já trilhados pelos seus antepassados pois nos anos de 1930, já havia Mbya no Posto Indígena Pancas. Além disso, a referência a tava, construções de pedra que teriam sido construídas pelos índios endossa o local da escolha. Tupã Kwaray era neto de Tatati Ywa Reté. Foi cacique e atualmente é chefe religioso da aldeia guarani de Boa Esperança. Nesse sentido, o relato de Tupã Kwaray converge com o de Keretxu em relação aos mesmos elementos.
Onde Deus mostrava no sonho para ela, aí a gente tinha que ir, tinha que seguir a vontade de Deus. Não era pela vontade dela, não era vontade da gente. Deus no sonho mostrar para ela: Você pode seguir, passar duas cidades, aí tem um lugarzinho para você passar dois, três dias ou um mês. Deus falava assim para ela. E ela ia seguir, é isso que a gente vai seguindo. Em Caieiras Velhas tinha uma casa de pedra, é do antigo e há séculos que ele fez a casa de pedra. Santa Cruz também tinha e por isso minha avó vinha lá do Rio Grande do Sul, vinha conhecendo e vinha descobrindo onde o Guarani morava […] [6]
Tupã Kwaray, filho de Keretxu, nasceu na aldeia de Rio Silveira, estado de São Paulo, e tem 61 anos de idade. Durante as décadas de 1980 e de 1990 foi cacique da aldeia de Boa Esperança, no Espírito Santo. Em Parati Mirim, no Rio de Janeiro, estudou até o 5º ano, junto aos demais índios num projeto de alfabetização e escolarização promovido por um suíço. Participou de duas grandes organizações indígenas especificas guarani, a Nhemboaty Guasu e a Aty Guasu. Atualmente, Tupã Kwaray desempenha a função religiosa entre os Guarani mbya e é considerado um dos mais velhos detentores da história do grupo Mbya. Viveu nas aldeias de Itatinga, Boracéia, Rio Silveira, Rio Comprido, Rio Branco, Boa Vista (São Paulo), Parati Mirim (Rio de Janeiro), Fazenda Guarani (Minas Gerais) e atualmente vive na aldeia de Boa Esperança (Espírito Santo). [7]
Em 1967, com a chegada da empresa Aracruz Celulose e a ação dos posseiros nas terras indígenas de Caieiras Velhas, o grupo guarani resolveu se dividir em três partes. Em 1973, uma parte resolveu permanecer em Aracruz, outra migrou para Vitória e o terceiro grupo caminhou em direção à Guarapari, município turístico do Espírito Santo.
A cidade de Guarapari significou a oportunidade de comércio do artesanato por ser uma região turística. Entretanto, o local revelou o cotidiano de fome, doenças, desamparo e controle do governo estadual sobre os deslocamentos indígenas. Os funcionários do Centro de Ajustamento Social, da Secretaria Estadual do Trabalho e Promoção Social (SETRAPS), vigiavam os Guarani, conforme registrado no relatório enviado à FUNAI em junho de 1973. No mesmo relatório, havia a afirmação de que faltavam recursos financeiros para os índios e que eles perambulavam em busca de abrigo. No mesmo ano, o prefeito de Guarapari, Hugo Borges prometeu terra aos índios em troca de que se apresentassem como atração turística para o município. Segundo o Jornal do Brasil, tal ação pode ser
[…]considerada espantosa e exótica pela assistente social Vilma Gonçalves, da Secretaria de Trabalho do Estado, encarregada da assistência aos guaranis. O fato foi logo denunciado à FUNAI, que enviou a Guarapari o Sr. José de Aguiar, chefe do gabinete do presidente do órgão General Bandeira de Melo. [8]
Após as denúncias de exploração dos Guarani Mbya em Guarapari, o chefe da ajudância Minas –Bahia da FUNAI, Itatuitim Ruas[9], esteve no Espírito Santo em 1973 e providenciou para que os índios fossem levados para a Fazenda Guarani, localizada no município de Carmésia, em Minas Gerais.
A retirada dos Guarani Mbya do Espírito Santo representou uma solução muito oportuna para os seguintes problemas: primeiro, a má notícia de exploração dos índios em Guarapari, fato esse que repercutiu nacionalmente, prejudicando as imagens da FUNAI e dos governos municipais e Estadual; segundo, a retirada dos Mbya representava a ação do órgão indigenista, durante o período militar, de controle dos índios considerados desajustados, ou seja, que se enquadravam em casos de vadiagem, de alcoolismo, de andanças, fugas, rebeldias. No caso dos Guarani, foram quase trinta anos de deslocamentos ao longo dos litorais sul e sudeste do país, ocasionados por conflitos fundiários e por pressões interétnicas que os motivaram a dispersar-se em vários estados. A retirada dos Mbya para a Fazenda Guarani representou também o conflito entre o modo de ser guarani e a concepção ocidental de que esses índios deveriam estar em aldeamentos ou reformatórios destinados ao trabalho agrícola e à integração nacional. Finalmente, os deslocamentos guarani no Espírito Santo nos municípios de Vitória, Aracruz e Guarapari refletiam problemas da ausência de políticas públicas para os índios no Estado, porque os índios existentes, no caso, os Tupinikim foram reconhecidos apenas como índios em 1975, ou ainda eram considerados como remanescentes e caboclos. A chegada dos Mbya ao Estado revelou a existência de índios e, por sua vez, a necessidade de reconhecimento oficial de território indígena, pois ambos, Tupinikim e Guarani desejavam terras para viver.
Essa história da transferência dos Guarani Mbya para a Fazenda Guarani encontra-se entrelaçada a história dos povos Krenak em Minas Gerais e no Espírito Santo e sobretudo, traz à tona duas questões: a ação indigenista em relação aos povos indígenas e o problema fundiário no país. Para analisar essas questões, vamos retratar brevemente a história dos Krenak durante o século XX a fim de compreendermos também a história dos Guarani.
No início do século XX, o SPI transformou o sul da Bahia, o norte do Espírito Santo e a região do rio Doce, em Minas Gerais, em uma área de atuação do órgão indigenista devido à construção de estradas de ferro Vitória-Minas e Bahia-Minas. Desse modo, foram criados vários postos de atração: um para atender as necessidades de viabilização dos trabalhos dos operários, na região do rio Jequitinhonha; outro, no rio Pepinuque, para atender os índios Jiropok; outro no rio Pancas, para atender os índios Miñajirum, no Espírito Santo; outro no rio Pancas, para atender os Gutrak; e o do rio Eme, para atender os Krenak, em Minas Gerais.[10]
Com a redução populacional indígena acarretada pelas doenças e mortes, o SPI atuou no sentido de extinguir estes postos indígenas. Restou apenas o posto do rio Eme, destinado aos Krenak, para onde foram transferidos os demais índios dos aldeamentos. Este posto do rio Eme passou a denominar-se Posto Indígena Guido Marliére.
Devido aos conflitos entre o órgão indigenista e os índios Botocudos, houve cisão desse grupo, como aconteceu com os Gutére e os Gutkrak. A dissidência dos Gutkrak originou o povo Krenak, que se refugiou nas áreas de mata do Rio Doce, em Minas Gerais. Mesmo em Resplendor, Minas Gerais, os Krenak recusaram-se a estabelecer contato, refugiando-se na aldeia de Quijeme Brek. [11]
O Estado de Minas Gerais, determinou a demarcação de 2 mil ha de terras para os grupos Krenak e Poxijá, por meio de demarcação iniciada em 1918. Posteriormente, em 1920, a Assembleia Legislativa deste Estado ampliou a área indígena para 4 mil ha. Iniciou-se uma segunda demarcação em 1927, após o massacre da aldeia de Kuparak devido aos colonos de Bueno Brandão, que ocupavam a região dos Krenak. Com o massacre indígena, os sobreviventes retornaram para a aldeia do rio Eme, sob a proteção do SPI. Em virtude do massacre ocorrido foi que a Assembleia Legislativa decidiu ampliar o território para os 4 mil ha.[12]
As áreas indígenas dos Krenak eram constantemente disputadas pelo SPI, pelo governo do estado de Minas Gerais e por colonos. Acusações entre o governo estadual e o órgão indigenista não cessavam de ocorrer. O Serviço de Proteção ao Índio (SPI) acusava o governo do estado de expulsar os funcionários do posto indígena, de invadir as terras, de arrolar os bens daquela instituição, de ameaçar os índios e de não respeitar a administração local. Por outro lado, o estado acusava o inspetor do posto indígena de retirar a madeira da área de forma ilegal, beneficiando-se disso e desviando recursos. Em 1955, a descoberta de uma mina de mica na área da reserva indígena só fez intensificar ainda mais os conflitos dos arrendatários e dos índios. [13]
A criação do Horto Florestal do rio Doce, administrado pela Policia Florestal de Minas Gerais, afetou diretamente os índios Krenak, pois o SPI e a Polícia Florestal realizaram um acordo para transferir os índios para a área maxakali no norte do estado. Os índios Krenak resistiram à transferência e alguns conseguiram refugiar-se nas proximidades do rio Doce. [14]
Nas áreas dos Maxakalis, havia conflitos entre os dois grupos étnicos, por meio de rivalidades históricas. Havia falta de assistência do SPI, fome, frio e mortes. Em 1959, os Krenak decidiram retornar para Governador Valadares, passando a conviver com a administração da Polícia Federal, que também não lhes fornecia assistência alguma. Em 1966, o SPI retomou essa área e a infraestrutura estava em péssimas condições em mau estado de conservação. No mesmo ano, foi criada a Guarda Rural Indígena (GRIN) e os Krenak foram transferidos para o Reformatório Agrícola Indígena, situado na área Krenak. Para essa área eram levados índios considerados desajustados; os índios recebiam castigos, sua vida era totalmente controlada. Na verdade este reformatório agrícola nada mais era do que um presídio que chegou a abrigar 60 a 80 índios, dos povos das seguintes etnias: Karajá, Terena, Guarani, Kampa, Mawé, Bororo, Xerente, Kadiwéu, Kaingang, Baenã, Kayapó, Kanela, Pankararu, etc. As acusações de crimes eram roubos, homicídios, embriaguez e vadiagem. [15]
Entre 1969 e 1970, as pressões dos arrendatários recrudesciam e a FUNAI ganhou uma nova ação de reintegração de posse em 21 de março de 1971. Entretanto, ocorreu uma nova negociação entre a FUNAI e o governo de Minas Gerais, expressa no ofício nº 452/Pres/ FUNAI de 1º de fevereiro de 1971, que transferia os Krenak para a Fazenda Guarani, região doada pelo estado. Para a Fazenda Guarani, localizada no município de Carmésia, foram levados os índios da área Krenak e alguns Pataxó de Porto Seguro, da Bahia.[16]
Diante deste contexto, os Guarani Mbya e uma família tupiniquim também foram levados do Espírito Santo para a Fazenda Guarani e lá permaneceram de 1973 a 1979, sendo o grupo formado por 7 famílias, totalizando 34 pessoas. [17] A notícia da transferência dos Guarani para Minas Gerais repercutiu na imprensa local e nacional como um fator positivo, pois os Mbya encontrariam um local adequado, que tanto desejavam para realizar o seu plantio, produzir o seu artesanato e praticar a sua religião na crença da Terra sem Mal, conforme podemos verificar na notícia abaixo:
O mundo da fantasia da religião dos guaranis, que lhes prometia uma terra sem males, para além do mar por isso os levou a andar durante anos, terminou na semana passada quando a FUNAI os transportou para a Fazenda Guarani, a 208 quilômetros de Belo Horizonte. Lá os 32 índios errantes viverão em 120 alqueires de terra, sem conhecer as perturbações da civilização, numa extensão que é deles, grande bastante para torná-los felizes, capazes de cultivar a lavoura e manter suas tradições tribais.[18]
Podemos observar na matéria do Jornal do Brasil, o contraste e a visão acerca do modus vivendi guarani que associa a religião indígena a uma crendice, a uma “fantasia”. A crença na Terra sem Mal é que leva os Guarani a se tornarem “errantes”. A solução para o problema guarani de serem povos migratórios consistia em levá-los para a Fazenda Guarani. Predomina a visão da sociedade e do governo da época de que os índios deviam ter um espaço próprio para eles, de preferência segregados da sociedade nacional e a visão de que os índios seriam integrados à economia nacional por meio da agricultura. Toda a matéria do jornal tem como principal propósito mostrar que a solução para o problema guarani consistia em ter uma área na Fazenda Guarani e que lá havia uma promessa de terra com matas, cachoeira e área para plantio.
Todavia, a realidade na Fazenda Guarani era totalmente diferente do que a imprensa noticiava. Os índios Mbya queixavam-se do frio intenso na região, das más condições de vida, das terras precárias para o cultivo, da falta de rio para pesca e de recursos materiais para a produção de artesanato, conforme podemos observar no depoimento de João Carvalho, índio guarani:
Diziam que era terra do índio mesmo, lá não tinha perigo. Lá tem lugar para vocês plantarem, tem muita terra para vocês plantarem. Lá não tinha nada nem para plantar e foram duas famílias Tupinikim e quatro famílias Krenak (…) Lá era mais frio, tinha mais morro, não tinha a vista longe, parecia estar num buraco.[19]
No período militar, havia total controle sobre os deslocamentos dos Guarani Mbya, sendo esses deslocamentos percebidos com preocupação pelos militares e considerados como conduta de vadiagem. Em 1974, Argemiro da Silva e Joana da Silva recebiam um documento para transitar da Fazenda Guarani em direção a Vitória.[20] Todo o trajeto dos Guarani era documentado pela FUNAI, como observamos abaixo:
Com este, apresento-vos os índios Benites Joaquim da Silva, Almerinda Joaquim Pinto, Milton Joaquim Pinto, Dilos Joaquim Pinto, Maria de Lurdes Joaquim Pinto, Claudia Joaquim Pinto, Ednéia Joaquim Pinto, Ilvanete Joaquim Pinto, Regina Joaquim Pinto, Joana da Silva Guarany. Que nesta data, em cumprimento de vossas determinações, segue para essa ajudância Minas Bahia, para posteriormente seguirem, de retorno, para o Estado do Espírito Santo, de onde vieram. […][21]
Os Mbya resistiam e negociavam conforme podiam diante das duras condições vividas na Fazenda Guarani. Os Guarani passaram a sair da região mediante autorizações controladas com o objetivo de comercializar o seu artesanato nas cidades vizinhas. Depois, alguns Mbya conseguiram fugir e fazer denúncias sobre a situação vivida em Minas Gerais. Outros uniam-se aos Krenak para resistir às violências sofridas, como os castigos e os maus tratos, conforme podemos observar no depoimento da índia Krenak, Dejamira de Souza:
Lá só é bom para empregado da FUNAI, para quem vive de artesanato não é bom, não dá para plantar, não dá bastante, só um pouco […] meu pai morreu de desgosto, ele queria morrer no Krenak. Capitão Pinheiro (da polícia militar mineira) trazia bastante presos de todo o país, lá era cadeia. Nos levaram enganados para a Fazenda Guarani, falaram que lá tinha muito peixe, muita caça, que o lugar era bom, aquele rolo todo. Meu sogro foi algemado, aquele velho, eles o pegaram. Capitão Pinheiro bebia cachaça, eles diziam que iam conversar, chegavam bem assim perto para prender, prendiam os índios na prisão e davam pau neles. […][22]
O capitão dos índios mbya João Guarani, fugiu para Belo Horizonte, onde comercializava artesanato e foi encontrado por jornalistas que receberam suas denúncias sobre a situação dos Mbya em Minas Gerais e sobre a violência sofrida devido à ação de um fazendeiro da região:
Seu Marco atirou em mim. Corri e nenhum tiro acertou e por isso fiquei com medo do fazendeiro. Fui, então, ao Posto Policial de Carmésia dar queixa, mas o fazendeiro já havia registrado sua queixa. O chefe do posto, cabo Miranda, não estava lá. Depois, em vez de levar o incidente para a FUNAI, foi junto com o fazendeiro me procurar na Fazenda Guarani. Os dois invadiram a fazenda e me perseguiram quase um quilometro. Na perseguição, eu perdi o equilíbrio e caí de uma ponte de 10 metros de altura. [23]
O índio João Carvalho quebrou a perna e ficou internado três meses no hospital de Ferros. Ele recebeu alta e não pôde trabalhar mais na agricultura, quando decidiu viajar com sua esposa e cinco filhos para denunciar o que aconteceu em Belo Horizonte na expectativa da FUNAI solucionar o caso. [24]
Os Guarani mbya resistiam o quanto podiam e, para isso, uniram-se aos Krenak. Começaram a cobrar os recursos do transporte para a venda de artesanato. Juntos denunciavam a situação da Fazenda Guarani. Os Mbya expressavam seu desejo de retornar ao Espírito Santo, como podemos observar no relatório abaixo:
No primeiro contato com os índios guaranis, com especialidade os seus líderes, houve uma recusa maciça de todos no que tange à vinda para uma reserva da FUNAI. Alegaram os mesmos o desejo de permanecer definitivamente no litoral espírito-santense […]No segundo contato, levei para eles alimentação e medicamentos […], esclarecendo-os que em hipótese alguma haveria condições para a FUNAI assisti-los na região capixaba.[25]
As intensas chuvas de 1979 destruíram casas e os escombros deixaram uma ideia de abandono da Fazenda Guarani. As terras possuíam baixa fertilidade e havia pouca plantação. Os Krenak sentiam-se impossibilitados de viver somente da agricultura, necessitando fabricar artesanato também. A alimentação dos índios era de má qualidade o que ocasionou doenças como anemia, subnutrição, avitaminose.[26]
Devido às fugas constantes e às pressões, os Krenak retornaram para a sua área de origem em 1980, com o apoio do Grupo de Estudos da Questão Indígena (GREQUI) e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Os Krenak estabeleceram-se numa área de 68, 25 ha que foram abandonados pelo Patronato São Vicente de Paula após uma enchente do rio Doce em 1978. O retorno ao território de origem dos Krenak lhes permitiu que outros índios do mesmo grupo étnico pudessem reunir-se na mesma área, como os Krenak que viviam em Vanuíre, São Paulo. [27]
Enquanto isso, Itatuitim Ruas tentou viabilizar a transferência do grupo guarani para o litoral da Bahia junto aos Pataxós. Os Guarani Mbya foram duramente vigiados, somente era-lhes permitido sair para apresentações culturais no Dia do Índio. O grupo Mbya buscava seu próprio sustento, deslocando-se em dois grupos. Joana e seu padrasto Argemiro organizavam-se para retornar à Caieiras Velhas e João Carvalho atuava denunciando as condições de vida na Fazenda Guarani.[28] Após várias tentativas de fuga, os Mbya conseguiram retornar ao Espírito Santo, para a região de Caieiras Velhas, região com a qual haviam se identificado. João Carvalho dá seu depoimento sobre a Fazenda Guarani e fala da preferência por uma localidade próxima ao mar:
Nós fomos e ficamos dois, três anos trabalhando. Como eu sempre digo, nós, Guarani, gostamos mais de morar, de viver, sentir mais feliz nossa vida à beira-mar. Eu acho que isso é uma grande satisfação que nós sempre temos no meio dos Guarani. É por isso que nós não nos acostumamos com a Fazenda Guarani. Alguém reclamava que não tinha costume de lá, minha mãe falava que não se acostumava, porque a beira-mar ficou longe de nós. Então nós temos que voltar de novo para Caieiras Velhas. […][29]
O presidente da FUNAI na época. General Ismarth de Oliveira, visitou a Fazenda Guarani em virtude das denúncias sobre o abandono e a precariedade do reformatório. Segundo jornal da época, o presidente da FUNAI confirmou a situação precária dos Guarani e dos Krenak, bem como a violência pela qual sofreram. [30]A solução da FUNAI para o problema indígena no Espírito Santo foi definir uma reserva que abrangesse os dois povos, tanto os Tupinikim como os Guarani.[31]
Os Guarani Mbya retornaram ao Espírito Santo e lutaram junto aos Tupinikim pelo direito ao território indígena contra a empresa Aracruz Celulose (1967-2006). O período no qual os índios Guarani estiveram em Minas Gerais foi marcado por um rígido controle do seu modo de ser. Eram controlados durante seus deslocamentos para o comércio de artesanato, de visitas a parentes, de idas ao forró. Dentro de Carmésia, o modo de vida guarani contrastava e conflitava-se com o povo Krenak, em relação à ocupação das terras, da divisão dos recursos advindos da produção agrícola. Entretanto, esses índios foram resistentes à ditadura militar no tocante as alianças políticas para denunciar as situações de abandono, de precariedade das condições de trabalho e do tratamento que recebiam na região. Trata-se de um capítulo da história indígena que revela não somente a trajetória dos povos indígenas locais, bem como, traz à tona, um período da história do Brasil que necessita ser amplamente estudado para desvelar as políticas indigenistas da época da ditadura militar e verificar como os interesses econômicos do capitalismo internacional se refletiam nas ações dos governos locais e nas políticas indigenistas.
Referências
Jornais e documentos
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ÍNDIO cobra terra prometida em Comboios. A Tribuna. Vitória. 8 maio. 1978.
ÍNDIO vem de Carmésia fazer denúncia. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 22 dez. 1972.
O índio chegou ao poder: o super-cacique da FUNAI pagará sua promessa? Realidade. Vitória.Ano VIII, nº 93, dez. 1973.
MINISTÉRIO DO INTERIOR. Ajudância Minas-Bahia, de 04 a 13 de agosto de 1973. Correspondência do delegado regional para DGO, sobre relatório do Prof. José de Aguiar, secretário estadual do Trabalho e Promoção Social do Estado do Espírito Santo, 13 ago.1973.
MINISTÉRIO DO INTERIOR. FUNAI. Ofício nº 084/74. 14 jun. 1974.
PRESIDENTE da FUNAI confirma violências contra nossos índios. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 03 dez. 1978.
Livros, teses e dissertações
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VALLE, Lilia. Relatórios do CTI em Aracruz. São Paulo: Centro de Trabalho indigenista.1979-1984, mimeo.
Documentos
MINISTÉRIO do Interior. Ajudância Minas-Bahia, de 04 a 13 de agosto de 1973. Correspondência do delegado regional para DGO, sobre relatório do Prof. José de Aguiar, secretário estadual do Trabalho e Promoção Social do Estado do Espírito Santo, 13 ago.1973.
MINISTÉRIO DO INTERIOR. FUNAI. Ofício nº 084/74. 14 jun. 1974.
MINISTÉRIO DO INTERIOR. FUNAI. Ofício nº 77/74. 25 maio 1974.
VALLE, Lilia. Relatórios do CTI em Aracruz. São Paulo: Centro de Trabalho indigenista.1979-1984, mimeo.
Livros, teses, dissertações e jornais
CICCARONE, Celeste. Drama e sensibilidade: migração, xamanismo e mulheres mbya guarani. Tese (Doutorado). Programa de Estudos de Pós-graduação em Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2001.
GUARANIS chegam a terra prometida. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 19 ago. 1973.
ÍNDIO vem de Carmésia fazer denúncia. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 22 dez. 1972.
ÍNDIO cobra terra prometida em Comboios. A Tribuna. Vitória. 8 maio 1978.
O índio chegou ao poder: o super-cacique da FUNAI pagará sua promessa? Realidade. Vitória, Ano VIII, nº 93, dez. 1973.
LOUREIRO, Klítia. O processo de modernização autoritária da agricultura no Espírito Santo: os índios Tupiniquim e Guarani Mbya e a empresa Aracruz Celulose. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2006.
PARAÍSO, Maria Hilda B. Os Botocudos e sua trajetória histórica. In: CUNHA, Manuela C. da. História dos índios no Brasil. CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria municipal de cultura: FAPESP, 1992.
Notas
[1] Professora de História do IFES. Doutora em História pela UFF.
[2] LOUREIRO, Klítia. O processo de modernização autoritária da agricultura no Espírito Santo: os índios Tupiniquim e Guarani Mbya e a empresa Aracruz Celulose. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2006 2006, p. 44.
[3] CICCARONE, Celeste. Drama e sensibilidade: migração, xamanismo e mulheres mbya guarani. Tese (Doutorado). Programa de Estudos de Pós-graduação em Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2001,p. 290.
[4] CICCARONE, 2001, p.290.
[5] Depoimento de Aurora Carvalho apud CICCARONE, 2001, p.295.
[6] Depoimento de Tupã Kwaray apud CICCARONE, 2001, p.295.
[7] CICCARONE, Celeste. (org.) Memória viva Guarani: revelações sobre a terra. Comunidade Tekoa Porã. Vitória:UFES,1996.
[8] GUARANIS chegam a terra prometida. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 19 ago.1973.
[9] Itatuitim Ruas era um índio juruna do Alto Xingu. Sua mãe faleceu no parto e ele foi criado pelo professor Boaventura Bueno da Cunha. Formou-se em Escola Técnica Agrícola. Trabalhou na inauguração da Belém- Brasília, conduziu bois ao pantanal de Mato Grosso. Candidatou-se a vereador pelo extinto PTB, sendo reeleito e chegou à presidência da Câmara municipal de Tombos. Na época, Itatuitim era encarregado por 4 mil índios na FUNAI e já foi diretor do serviço social da Usiminas. Cf. ÍNDIO cobra terra prometida em Comboios. A Tribuna. Vitória. 8 maio 1978. Cf. O índio chegou ao poder: o super-cacique da FUNAI pagará sua promessa? Realidade. Vitória.Ano VIII, nº 93, dez. 1973.
[10] PARAÍSO, Maria Hilda B. Os Botocudos e sua trajetória histórica. In: CUNHA, Manuela C. da. História dos índios no Brasil. CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria municipal de cultura: FAPESP, 1992, p.420.
[11] PARAÍSO, 1992, p.420.
[12] PARAÍSO, 1992, p.421.
[13] PARAÍSO, 1992, p.421.
[14] PARAÍSO, 1992, p.421.
[15] PARAÍSO, 1992, p.422.
[16] PARAÍSO, 1992, p. 422.
[17] CICCARONE, 2001, p.309.
[18] GUARANIS chegam a terra prometida. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 19 ago. 1973.
[19] Depoimento de João Carvalho apud CICCARONE, 2001, p.308.
[20] MINISTÉRIO DO INTERIOR. FUNAI. Ofício nº 084/74. 14 jun. 1974.
[21] MINISTÉRIO DO INTERIOR. FUNAI. Ofício nº 77/74. 25 maio 1974.
[22] Depoimento de Dejamira de Souza apud VALLE, Lilia. Relatórios do CTI em Aracruz. São Paulo: Centro de Trabalho indigenista.1979-1984, mimeo.
[23] ÍNDIO vem de Carmésia fazer denúncia. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 22 dez. 1972.
[24] ÍNDIO vem de Carmésia fazer denúncia. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 22 dez. 1972.
[25] MINISTÉRIO DO INTERIOR. Ajudância Minas-Bahia, de 04 a 13 de agosto de 1973. Correspondência do delegado regional para DGO, sobre relatório do Prof. José de Aguiar, secretário estadual do Trabalho e Promoção Social do Estado do Espírito Santo, 13 ago.1973.
[26] MINISTÉRIO do Interior. Ajudância Minas-Bahia, de 04 a 13 de agosto de 1973. Correspondência do delegado regional para DGO, sobre relatório do Prof. José de Aguiar, secretário estadual do Trabalho e Promoção Social do Estado do Espírito Santo, 13 ago.1973, p.43.
[27] PARAÍSO, 1992, p.422.
[28] CICCARONE, 2001, p.312.
[29] Depoimento de João Carvalho apud CICCARONE, 2001, p.309.
[30] PRESIDENTE da FUNAI confirma violências contra nossos índios. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 03 dez. 1978.
[31] CICCARONE, 2001, p.316.
biografia