biografia

Ajuricaba
Autor(es): Geraldo Gustavo de Almeida
Biografado: Ajuricaba
Estado: Amazonas
Categorias:Estado, Amazonas, Biografia
Tags:Amazonas, Manaus, Masculino
Foi o mais famoso cacique dos Manaus. Tal como Cunhambebe no Rio de Janeiro, foi Ajuricaba no Amazonas, na defesa da terra contra o branco invasor. Durante as três primeiras décadas do Século XVIII, à frente de seus bravos, impediu a conquista o quanto pôde. Nos lados, furos e igarapés castigava os lusitanos e as tribos aliadas dos invasores. Em 1723 o governador Maia da Gama dava conta desses danos à Metrópole. Para poder empreender uma “guerra justa”, informava que os holandeses da Guiana forneciam armas e munições aos Manaus. Para vencer a guerra pedia trezentos homens de armas, como reforço, e mais dois canhões de bronze. Este pretexto era mentiroso, pois os Manaus não tinham comércio direto com os holandeses; tal comércio era feito pelos baldons, aliados dos Manaus, que faziam com que as armas chegassem, por via indireta, à gente de Ajuricaba. Assim mesmo o bravo cacique foi considerado traidor. Em 1727 a perseguição começou, até que por três ou quatro vezes os brancos rechaçados, teve o grande guerreiro a retirada cortada e viu morrer seu filho, Cunacaca, que ao seu lado bravamente combatia. Ajuricaba foi, afinal, capturado e posto a ferros Rio Negro abaixo, a fim de ser transportado para Belém e de lá para Lisboa. Mesmo assim, amotinou os índios que guarneciam as embarcações e nova luta se travou. Em meio a refrega, fugindo para sempre do cativeiro, o chefe dos Manaus, embora acorrentado, mergulhou no Rio, perecendo por sua própria vontade. Outro morubixaba preso em sua companhia, cujo nome não foi registrado, seguiu-lhe o exemplo, atirando-se também nas águas profundas do Amazonas. Preferiram o túmulo líquido do seu Rio à humilhação de um julgamento que com certeza os conduziria à morte. Mas os Manaus, que exultavam com as proezas do seu cacique e a reputação que adquiria sobre todas as tribos vizinhas, não quiseram crer que tal homem pudesse morrer e continuaram a suspirar pela sua volta, como os bretões esperam pela vinda do Rei Arthur e muitos portugueses aguardam o retorno do Rei Sebastião.