biografia
Francisco Xavier
Autor(es): Gleydson de Castro Oliveira
Biografado: Francisco Xavier
Nascimento: séc. XIX
Morte: séc. XIX
Povo indígena: Anapuru
Terra indígena: Aldeia Brejo dos Anapurus
Estado: Maranhão
Categorias:Etnias, Anapuru, Biografia, Estado, Maranhão
Tags:Anapuru, Maranhão, Masculino
Francisco Xavier foi um dos líderes dos indígenas Anapuru da Aldeia Brejo dos Anapurus, localizada no leste do estado do Maranhão, no século 18.
Em 1684, os indígenas Anapuru já viviam nas terras da atual cidade de Brejo – MA e região do Baixo Parnaíba maranhense, e lutaram contra os colonizadores portugueses que queriam invadir o território. Em 1709, mataram o povoador português Manuel dos Santos e outros seis ajudantes que queriam catequizá-los, impor a cultura dos invasores. Desde então, o governo da Província expediu várias ordens oficiais para que se fizesse guerra aos indígenas, considerados “bárbaros tapuias” pelos colonizadores.
De acordo com Anderson Lago (1989, p. 17), o povo Anapuru era dividido “em Anapurus-Mirins e Anapurus-Açu” e dedicavam-se mais à lavoura de alimentos de subsistência do que à pesca e à caça de animais. Costumes que ainda são mantidos por muitas famílias Anapuru que ainda vivem no campo, plantando e cultivando.
Em 1741, depois de muitos conflitos, o líder dos índios Anapuru de nome Francisco Xavier, juntamente com Ambrósio de Sousa, capitão dos indígenas, solicitaram ao governador João de Abreu Castelo Branco as terras situadas “às margens da Ribeira do Parnaíba na parte chamada O Brejo, e Arraial que situou o Mestre de Campo Bernardo de Carvalho e Aguiar cujo alojamento estabeleceram desde o tempo de sua conversão ao grêmio desta Madre Igreja” (28 de junho de 1741. APEP, sesmarias, livro 10, fl. 77). Necessitavam estes indígenas de “três léguas de terras de comprido e uma de largo” para sustento da aldeia.
O Governador atendeu à solicitação do líder indígena Francisco Xavier e concedeu aos Anapuru, por meio de uma Carta de Data e Sesmaria, três léguas de terras em quadro na aldeia Brejo dos Anapurus (MELO, 2011, p. 62). Até hoje há uma pedra pião que serviu para marcar o território do lado da Igreja Matriz de Brejo, nela está escrito “INDIOS” (OLIVEIRA, 2020, p. 737). Entretanto, em 1880, quando os indígenas do aldeamento Brejo dos Anapurus reivindicaram seu direito a essa terra, foram chamados de “supostos índios” e obtiveram a seguinte resposta do então Diretor Geral dos indígenas:
Hoje, que já tem decorrido cerca de 85 anos que ali não existem índios sujeitos a esta diretoria geral, e que as terras em questão, segundo sou informado, pertencem legalmente a outros possuidores, me inexequível a pretensão dos supostos índios que figuram na relação que acompanha a dita representação, que não se acha selada e apenas assignada a rogo do nome de Joaquim dos Santos por Bernardo José Chaves (D’OLIVEIRA, 1880).
Esse processo foi mais uma forma de silenciamento/apagamento da identidade e de negação/violação do direito dos indígenas Anapuru ao território ancestral, imposto por uma lógica colonizadora, que até hoje é a base da nossa sociedade, está na estrutura. O local do aldeia Brejo dos Anapurus posteriormente recebeu o nome Vila do Brejo e atualmente é a cidade de Brejo.
Referência
D’OLIVEIRA, Laurindo. Ofício do Diretor Geral dos índios, 15 de março de 1880.
LAGO, Anderson de Carvalho. Brejo, Aldeia dos Anapurus. São Luís: Secretaria de Cultura, 1989.
MELO, Vanice Siqueira de. Cruentas Guerras: índios e portugueses nos sertões do Maranhão e Piauí (primeira metade do século XVIII). 2011. 156 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2011. Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia.
OLIVEIRA, Gleydson de Castro. Cavacando Memórias: narrativas de história de vida de Deuzuila Machado, anciã indígena do povo Anapuru Muypurá do Maranhão. Abatirá – Revista de Ciências Humanas e Linguagens, v. 1, p. 729-740, 2020.
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