biografia

Quintino Emílio Marques

Autor(es): Nilorde Felix Guedes
Biografado: Quintino Emílio Marques
Nascimento: 1949
Povo indígena: Tikuna
Estado: Amazonas
Categorias:Estado, Amazonas, Biografia, Etnias, Tikuna
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Foto: Acervo Familiar.

 

No dia 11/02/1997, Quintino e José com suas famílias comemoram a festa de Vitória e Despedida de 34 anos de Serviços. Quintino havia ganhado pela terceira vez a eleição de vereador na comunidade Campo Alegre. “E eu ganhei de novo de vereador, é terceira vez, na comunidade não ajuda mais, mas Deus me ajuda e ganhei de novo, eu fiquei emocionado com tanta alegria, eu pedi grande agradecimento dos povos de Campo Alegre, depois da posse acontece esta festa bem maravilhosa na comunidade de Campo Alegre para agradecer ao povo da comunidade por terem conseguido vencer a luta de trabalho e por terem ajudado os seus amigos na hora que precisaram.”

 

Primeira casa do Sr. Quintino da sede do município de São Paulo de Olivença. Foto: Acervo Familiar.

 

Em 1988, esta é a primeira casa do senhor vereador Quintino Emílio Marques, no município de São Paulo de Olivença. “Estava sendo o meu mandato como vereador municipal nesta”.

 

Reunião sobre demarcação de Terra. Foto: Acervo Familiar.

 

Quintino, Pedro, Paulo e capitão de Caijari fazem a segunda reunião em Belém do Solimões para falarem sobre a demarcação da terra indígena, no dia 25 de março de 1986. Reunião feita para agilizarem os documentos para legalização das terras para que não houvessem confrontos e invasões. “Esta reunião foi feita para legalizarem mais rápido os documentos das terras para não haver confrontos e nem invasões de outras pessoas dentro delas, essas terras eram de muita importância para o povo indígena. ”

 

Registro da primeira viagem para Minas gerais, Cuiabá, Brasília, Rio de Janeiro e Sao Paulo. Foto: Acervo Familiar.

 

Esta foi a primeira viagem de Quintino, Reinaldo e Miguel, em agosto de 1984. Foram como participantes do 1º Intercâmbio dos Projetos Interação – Cuiabá (MT), de 09 a 13 de agosto de 1984. Depois disso, foram para outras capitais em Minas Gerais, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. “Nós ficamos dois meses, fizemos outros trabalhos além do que já tínhamos feito. Depois dessa viagem trabalhamos muito sobre o que tinham pesquisado e tinham outras viagens. ”

 

Aqui foi o encerramento do curso nivelamento dos professores (as) indígenas, no Bairro Independente em Campo Alegre, no dia 04/07/1985. “Fizemos breves discursos e depois aconteceu a despedida, tendo vários tipos de alegria, canto e agradecimentos dos professores indígenas e os professores de fora do nosso município, universidades, e foi uma boa comemoração. ”

 

A viagem que marcou em Brasília. Foto: Acervo Familiar.

 

A primeira viagem de Quintino e seus colegas em 08/08/1985. Visitaram o corcovado e ficaram todos admirados, emocionados e felizes por estarem vendo a imagem de Cristo bem de perto, pediram ajuda e proteção para seguirem suas viagens. Retornaram para o apartamento onde moravam para repousar e seguirem seu trabalho.

 

 

No dia seguinte, 09/08/1985, Quintino e seus colegas de trabalho visitaram o Museu Nacional do Rio de Janeiro – RJ, onde fizeram várias pesquisas sobre Cultura Indígena, que era muito importante para o trabalho com seus colegas.

Esta é a casa do senhor Quintino em Campo Alegre, era feita de palhas, de piso de madeira e cerca de pachiúba. “As minhas famílias eram bem pobres e humildes, sustentados do pouco dinheiro que recebia quando sou professor particular, depois que começou a minha nova carreira, devagar a minha vida começou a melhorar. Viemos um bom tempo na comunidade e resolvemos morar dentro da cidade de São Paulo de Olivença/ AM. Esta foto é da minha antiga casa na comunidade indígena de Campo Alegre, 15 de junho de 1979.

 

A nova profissão:

Quintino que era um simples professor da comunidade de Campo Alegre, começou a se interessar por política. Participou pela primeira vez da reunião sobre política em sua própria comunidade, Campo Alegre, no dia 04/03/1987.

Logo, ficou muito interessado, participou de várias reuniões e decidiu deixar de ser professor para seguir a nova carreira como um político. Mas, para isso, estudou bastante. Viajando pelo Brasil todo, conheceu muitas maravilhas. Já preparado, voltou para a terra natal e se candidatou.

 

 

 

O primeiro encontro dos vereadores do Alto Solimões, Tabatinga, Amazonas. Foto: Acervo Familiar.

 

No mês de junho de 1992, houve o 1º encontro dos vereadores do Alto Solimões (SOLIFUROM) para debaterem assuntos importantes referentes aos municípios para o planejamento de novos projetos de 3º Círculo. “Eu sou vereador Quintino Emílio Marques, de São Paulo de Olivença/ AM.”

 

primeiro Encontro Indígena em Brasília. Foto: Acervo Familiar.

 

Março de 1982, Quintino Emilio Marques e mais cinco capitães de várias comunidades estiveram em Brasília – DF para participarem do 1º Encontro Indígena para debaterem sobre a demarcação da terra e fazerem a legalização dos documentos que eram de muita importância para os povos indígenas.

 

FERIADO NACIONAL

Dia 07 de setembro de 1983, dia da Proclamação da República, é feriado em todo território nacional. E no município de São Paulo de Olivença acontece um grande desfile dos alunos(as) indígenas, onde os Magüta fazem uma grande apresentação sendo o Movimento Educação de Base (MEB) o responsável na cidade. Trouxeram o professor e monitor bilíngue Quintino Emilio Marques, como participação especial vinda de Campo Alegre, animando mais o desfile e deixando o público que prestigiava muito satisfeito.

 

 

 

 

 

 

 

 

Escola Particular, 1964. Foto: Acervo Familiar.

 

“Eu Quintino, sou um rapaz simples. Professor humilde, filho de bem pobre. Não tenho nada, eu vivo do meu trabalho, ajudando meu pai e a minha mãe a fazer roça, pescar, caçar e cortar seringas. Terminei a 5ª série e entrei como professor particular desta escola da comunidade de Campo Alegre, Escola São Raimundo I, feita de palhas, pisos de paxiúba e parede de tábua misturada com paxiúba. Eu aguentei muito tempo para trabalhar na escola particular sem ajuda de ninguém, nem por parte do prefeito, nem da parte da FUNAI. Eu recebi só gratificação da comunidade, cada fim de mês recebi: um litro de farinha, peixe, abacaxi, cará, banana e frutas. Eu aguentei, sustentei minha família assim mesmo, passei muito tempo na vida lutando, ensinando, trabalhando e ajudando todos os tipos de pessoas: crianças, adultos, mulheres e jovens indígenas. Aí, penso uma coisa bonita, porque já tenho alunos já formando na 4ª série e o povo crescendo e aumentando o número, precisando de mais professores.

Eu falei com aqueles alunos que passaram da 4ª série e fiz uma reunião com os povos da comunidade Campo Alegre, e os povos resolveram todos os assuntos e eles ficaram como professores da comunidade. Eu plantei 13 árvores que carregam muitas frutas: Carlindo, Rainha, Manuel, Florinda, José, Janice, Darciano, Rita, Elias, Artemisia, Félix e Manoel. Agradeço muitíssimo professores (as), vocês têm que relembrar nosso passado, quem plantou educação na comunidade indígena foi nosso amigo Quintino. ”

 

O esclarecimento das minhas famílias. Foto: Acervo Familiar.

 

Quintino e suas famílias estão reunidas para conversar sobre a Política no futuro. Esta conversa foi em março de 1993. Quintino esclareceu algumas coisas para as famílias e explicou como seria e o que poderia acontecer com eles, o que poderiam fazer os povos da terra natal pela família. Falou sobre o sofrimento que passou, o que poderia passar e as dificuldades de sua vida corrida.

 

[1] Indígena Tikuna, nome na língua Deremüna Rü Nupaweena, professora, mestre em linguística e em língua indígena. Filha de Sr. Quintino Emílio Marques.

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